18 de Janeiro de 2011
Base Antárctica Espanhola Gabriel de Castilla, Ilha Deception
Acordei ainda desfeito com o dia de ontem. Passei a manhã a organizar os dados dos dias anteriores no laboratório e a meio da manhã, reuni com o Gabriel, meu estudante de doutoramento da Universidade de Buenos Aires e que está na vizinha base argentina. Estivemos a preparar a parte da campanha que decorrerá depois da minha partida para Livingston. Definir prioridades de trabalho, verificar os sensores a instalar e as áreas de estudo de pormenor. Tudo, de modo a que todas as actividades se possam realizar sem surpresas de maior. Na Antárctida, o estado do tempo manda. Este ano, temos tido um verão excelente, bastante seco e que nos tem permitido trabalhar no terreno todos os dias. Contudo, não sabemos o que aí vem e é fundamental definir as prioridades nas várias tarefas, de modo a, caso necessário, podermos abandonar algumas.
Á tarde, fomos fazer medições de espessura da camada activa, na área próxima de Cerro de la Cruz. Temos 6 sítios localizados a altitudes e exposições diferentes, onde monitorizamos a velocidade a que o solo gelado sazonal vai fundindo ao longo do Verão. A cada 4 dias, visitamos esses sítios e, espetando uma cruz de ferro no solo, verificamos qual a profundidade do solo gelado. É difícil espetar a cruz no solo, que é pedregoso e duro. Ficamos com as costas desfeitas, pois em cada sítio, temos que espetar a cruz cerca de 25 vezes, em alguns casos, até 90 cm de profundidade. Com os resultados, poderemos melhor compreender como varia a fusão da camada activa durante o verão, dependendo dos locais e ainda das condições meteorológicas. Este é já o terceiro verão em que vimos fazendo estas medições. Uma experiência simples, mas de grande valor. Um trabalho usando estes dados, feito pela Vanessa Batista, minha estudante de mestrado, valeu-lhe o Outstanding Young Scientist Poster Award na International Polar Year Oslo Science Conference realizada em Junho passado na NOruega. Isto mostra bem como, dados relativamente simples, mas obtidos de forma sistemática e numa experiência bem montada, podem ter um elevado valor científico.
Penso que ainda não referi isto, mas todos os dias, às 20h30 os coordenadores dos projectos em curso reunem com o chefe de base, para avaliar as actividades do dia, problemas e para definir as necessidades para o dia seguinte. Nos últimos dias, tem-me vindo a preocupar de forma crescente o modo como uma greve no sul do Chile está a afectar o calendário do navio "Las Palmas", que nos transportará de Deception para Livingston. Inicialmente, estava previsto que esta viagem fosse efectuada no dia 21 de Janeiro. Contudo, pela greve, o navio tem-se atrasado, sendo provável que só possamos ir para Livingston a 23 ou 24 deste mês. É um atraso muito grande para o projecto, pois temos muitas tarefas para fazer em Livingston e o tempo será claramente insuficiente. Infelizmente, uma sequência de episódios de má sorte tem afectado a parte de Livingston da campanha. O primeiro, foi a impossibilidade de um estudante de doutoramento meu ter ido a Livingston, logo em meados de Dezembro. Várias actividades tiveram que ser reprogramadas. Agora, este novo atraso, que está a fazer com que a nossa campanha passe de 10 dias em Livingston, para cerca de 7, está a começar a preocupar-me. Mas a Antárctida é assim mesmo e, certamente, ainda irão acontecer uma série de imprevistos até ao final da campanha.
Base Antárctica Espanhola Gabriel de Castilla, Ilha Deception
Acordei ainda desfeito com o dia de ontem. Passei a manhã a organizar os dados dos dias anteriores no laboratório e a meio da manhã, reuni com o Gabriel, meu estudante de doutoramento da Universidade de Buenos Aires e que está na vizinha base argentina. Estivemos a preparar a parte da campanha que decorrerá depois da minha partida para Livingston. Definir prioridades de trabalho, verificar os sensores a instalar e as áreas de estudo de pormenor. Tudo, de modo a que todas as actividades se possam realizar sem surpresas de maior. Na Antárctida, o estado do tempo manda. Este ano, temos tido um verão excelente, bastante seco e que nos tem permitido trabalhar no terreno todos os dias. Contudo, não sabemos o que aí vem e é fundamental definir as prioridades nas várias tarefas, de modo a, caso necessário, podermos abandonar algumas.
Á tarde, fomos fazer medições de espessura da camada activa, na área próxima de Cerro de la Cruz. Temos 6 sítios localizados a altitudes e exposições diferentes, onde monitorizamos a velocidade a que o solo gelado sazonal vai fundindo ao longo do Verão. A cada 4 dias, visitamos esses sítios e, espetando uma cruz de ferro no solo, verificamos qual a profundidade do solo gelado. É difícil espetar a cruz no solo, que é pedregoso e duro. Ficamos com as costas desfeitas, pois em cada sítio, temos que espetar a cruz cerca de 25 vezes, em alguns casos, até 90 cm de profundidade. Com os resultados, poderemos melhor compreender como varia a fusão da camada activa durante o verão, dependendo dos locais e ainda das condições meteorológicas. Este é já o terceiro verão em que vimos fazendo estas medições. Uma experiência simples, mas de grande valor. Um trabalho usando estes dados, feito pela Vanessa Batista, minha estudante de mestrado, valeu-lhe o Outstanding Young Scientist Poster Award na International Polar Year Oslo Science Conference realizada em Junho passado na NOruega. Isto mostra bem como, dados relativamente simples, mas obtidos de forma sistemática e numa experiência bem montada, podem ter um elevado valor científico.
Penso que ainda não referi isto, mas todos os dias, às 20h30 os coordenadores dos projectos em curso reunem com o chefe de base, para avaliar as actividades do dia, problemas e para definir as necessidades para o dia seguinte. Nos últimos dias, tem-me vindo a preocupar de forma crescente o modo como uma greve no sul do Chile está a afectar o calendário do navio "Las Palmas", que nos transportará de Deception para Livingston. Inicialmente, estava previsto que esta viagem fosse efectuada no dia 21 de Janeiro. Contudo, pela greve, o navio tem-se atrasado, sendo provável que só possamos ir para Livingston a 23 ou 24 deste mês. É um atraso muito grande para o projecto, pois temos muitas tarefas para fazer em Livingston e o tempo será claramente insuficiente. Infelizmente, uma sequência de episódios de má sorte tem afectado a parte de Livingston da campanha. O primeiro, foi a impossibilidade de um estudante de doutoramento meu ter ido a Livingston, logo em meados de Dezembro. Várias actividades tiveram que ser reprogramadas. Agora, este novo atraso, que está a fazer com que a nossa campanha passe de 10 dias em Livingston, para cerca de 7, está a começar a preocupar-me. Mas a Antárctida é assim mesmo e, certamente, ainda irão acontecer uma série de imprevistos até ao final da campanha.